sábado, 5 de fevereiro de 2011

Evolução tecnológica e modelos de educação a distância: Do ensino por correspondência ao mobile learning

Trabalho de grupo: Ana Luísa Curto; Armando Damião Alves; Armando Lino Lopes; Maria José Álvares e Paula Cristina Melo
A associação entre a tecnologia e a educação é uma realidade há muito estabelecida, quer no contexto do ensino presencial quer no do ensino a distância, implicando alterações mais ou menos profundas nos modos como se ensina e aprende.
Com a evolução tecnológica e o novo paradigma da Web 2.0, o sistema educativo foi confrontado com a necessidade de inovar as suas abordagens pedagógicas, tanto ao nível do ensino presencial como ao nível do ensino a distância. Neste contexto de mudanças tecnológicas, o ensino a distância foi progressivamente ajustando as formas de produção e distribuição de materiais didácticos, com implicações nas metodologias de ensino-aprendizagem e nos processos de interacção.
Olhando agora com um pouco mais de atenção para o nosso país, e centrando-nos particularmente na área da educação, temos vivido profundas transformações. Fazendo uma retrospectiva da EaD verifica-se que ela existe desde tempos mais antigos atravessando uma constante evolução até aos dias de hoje. Reconhece-se, sem dúvida, que as tecnologias e o seu potencial são elementos determinantes para a viabilidade e o sucesso da EaD ao possibilitar a mediatização em termos dos conteúdos pedagógicos e a interacção alunos/professores, aluno/aluno e alunos/instituição (Gomes, 2008). O facto de existirem diferentes, e cada vez mais eficazes, formas de publicar, comunicar e colaborar dão origem a uma diversificação de modelos EaD.
Na primeira geração, “ensino por correspondência”, a mediatização dos conteúdos efectuada em formato papel e a sua distribuição através de correio postal, implicava que a comunicação entre professor/aluno fosse escassa e assíncrona, fazendo com que o feedback resultasse retardado no tempo. Isto conduzia à perda de interesse do aluno, devido à demora em ver resolvidas as suas dúvida. Assim, neste momento, com a massificação da informação, não se justifica este tipo de ensino.

Nos sistemas de segunda geração, o ensino a distância disponibilizava uma multiplicidade de suportes, destacando-se o audiovisual, como complemento à linguagem escrita. A televisão e a rádio passaram a ser os principais veículos de transmissão de conteúdos pedagógicos destacando-se, em Portugal, a criação da Telescola em contexto de educação formal.
Esta foi de extrema importância para a escolarização em massa de grande parte da população, colmatando a falha de formação de professores e da rede escolar que se concentrava, sobretudo, nas capitais de distrito. Apesar da modalidade síncrona de formação através das emissões radiofónicas e televisivas, com recurso a um professor tutor, a interactividade aluno-professor e aluno-aluno eram pouco frequentes. Paralelamente, verificou-se uma crescente produção e distribuição de materiais didácticos cada vez mais diversificados e que integraram os dispositivos da primeira geração numa abordagem multimédia (videogramas e audiogramas).
A terceira geração do EaD foi marcada pela interactividade entre aluno e os recursos multimédia e pela comunicação não só professor/aluno mas também entre aluno/aluno. A facilidade de os alunos conseguirem interagir através de correio electrónico é de salientar, pois a partilha de saberes promove a construção de conhecimento, deixando de ser uma aprendizagem isolada, existindo grupos que partilham interesses e saberes. A desvantagem continuou a ser a comunicação assíncrona, por vezes não tão rápida como se desejaria e ainda o facto de os alunos poderem não estar interessados em partilhar conhecimento entre si.
Na quarta geração, também designada de e-learning, os processos cognitivos dos alunos e os processos de comunicação alteraram-se de forma significativa, graças ao uso generalizado da Internet. Se numa primeira fase a Internet preconizava uma série de serviços com o principal atributo de disponibilizar um manancial de informação e conhecimento a qualquer utilizador – a Web 1.0 – numa segunda fase, esta veio possibilitar aos utilizadores produzirem e partilharem conteúdos – a Web 2.0 – através de ferramentas de edição on-line, como os blogues, wikis e podcasts. Esta nova interactividade permitiu gerar ambientes virtuais de aprendizagem colaborativa, os Learning Management System (LMS), com dispositivos para a gestão, monitorização e avaliação on-line, como o Blackboard e o Moodle.

Os conteúdos pedagógicos, mais apelativos e de acordo com as expectativas dos alunos, permitiram uma maior interactividade, não só aluno-professor, como também aluno-aluno, de forma síncrona e/ou assíncrona. Nestas comunidades on-line, a aprendizagem é contextualizada e o conhecimento pode ser mais facilmente partilhado potenciando, nos indivíduos, o sentido de autonomia e responsabilidade.

Com a generalização do uso dos telemóveis, as potencialidades técnicas dos mesmos fez nascer os chamados "nativos digitais", a geração do mobile-learning, onde professores e alunos passaram a poder estar numa situação de permanente conectividade, onde quer que estivejam, deixando o espaço físico de ser uma condicionante. Esta quinta geração pode ser uma forma de educação adequada aos jovens que comunicam, quase compulsivamente, através de mensagens electrónicas, seguindo conversas paralelas muitas vezes inacabadas, onde o tempo e espaço não constituem entraves para a aquisição de novos conhecimentos, em ambientes marcados por intensa interacção.

Os “ambientes virtuais” são a característica da 6ª geração, constituindo o second life um dos exemplos. É aliciante a possibilidade de construir uma vida paralela, diferente da vida real, encarnando uma personagem num espaço espaço imaginário, idealizados por cada indivíduo (avatar), onde podemos, entre outras funcionalidades, conversar através de chats, fóruns, e até por voz, com a hipótese de guardar apresentações. Ser multitarefa é o sonho de qualquer um – conseguir dedicar-se ao desporto, à política, ao ensino em simultâneo.

Como refere Mattar (sd, p.7) “(…) o aprendiz convive na realidade virtual com a imagem da informação, podendo aliar a imagem a textos, sons e vídeos, reflectir, questionar e fazer anotações, modificar o mundo ao seu redor e inclusive construir novos ambientes.”. As vantagens da comunicação síncrona, o feedback directo, a construção de conhecimento através da vivência de acontecimentos, são potencialidades que se destacam nos exemplos referidos por Pita (2008). Mais do que noutra geração de EaD, a organização pelo professor de situações de aprendizagem, inspiradas pelo modelo tradicional, restringe as potencialidades que estes tipos de ambientes deveriam criar.
Pela particularidade de cada uma das diferentes gerações da EaD, estas não se substituem umas às outras mas complementam-se. Dependendo dos destinatários, das infra-estruturas e tecnologias disponíveis todas elas têm a sua função e lugar na EaD. As várias gerações da EaD estão presentes, muitas vezes, em articulação e em diferentes contextos a nível mundial, nacional, económico, político, social, cultural e tecnológico o que justifica a existência de todas as gerações (Gomes, 2008).
As tecnologias são manifestamente essenciais para o aprofundamento do EaD como meio de proporcionar oportunidades de formação académica e /ou profissional independentemente da hora e do lugar ultrapassando barreiras como distância, isolamento, horários laborais entre outras.
Em jeito de conclusão, são visíveis as vantagens que o EaD pode usufruir do desenvolvimento das novas tecnologias, possibilitando o acesso à educação a um elevado número de pessoas e criando condições de sustentabilidade e rentabilidade para as instituições de ensino que fizerem do mesmo um factor crítico de sucesso.
Entre nós, o facto do EaD ainda não ser uma realidade institucionalmente assente, estando ainda numa fase de crescimento, longe da maturação, pode até ser uma vantagem pois a sua coexistência com outras realidades, permitir-lhe-á crescer de forma mais sustentada, dando melhor resposta às necessidades de todos os actores envolvidos.


Referências
Gomes, M. (2008). Na senda da inovação tecnológica na Educação a Distância. Revista Portuguesa de Pedagogia. 42-2, 181-202. Acedido em 6 Janeiro 2011, de http://hdl.handle.net/1822/8073
Mattar, J. (sd). O uso do second life como ambiente virtual de aprendizagem. Acedido em 14 Janeiro 2011, de http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT16-4711--Int.pdf
Pita, S. (2008). As Interacções no Second Life: a comunicação entre avatares. Prisma.com, 6, 3-18. Acedido em 15 Janeiro 2011, de http://prisma.cetac.up.pt/3_Interaccoes_no_Second_Live_Sara_Topete.pdf

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