quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um comentário ao texto "Reflexões sobre a adopção institucional do e-learning: Novos desafios, novas oportunidades"

Image: jscreationzs / FreeDigitalPhotos.net

Será que as escolas básicas e secundárias estão preparadas para adoptar alguma das modalidades de ensino a distância (e-learning, b-learning) no seu processo de ensino-aprendizagem?
Nos dias que correm os meios tecnológicos para as colocar em prática já não são, na maioria das escolas, um entrave. Contudo ainda falta o mais difícil, a mudança de atitudes e práticas quer dos professores, quer dos alunos e principalmente das direcções das instituições (escolas). Como nos refere Gomes (2008) o primeiro contacto com este tipo de ensino é quase sempre encarado com agrado e a maior parte sem o conhecimento das instituições, mas depressa a novidade acaba e as pessoas voltam às suas rotinas habituais, faltando o principal, o incentivo das entidades superiores para a implementação e sobrevivência deste tipo de ensino. Em relação aos professores, eles são como os alunos, precisam de motivação para encararem este tipo de ensino como uma mais-valia para o sucesso dos seus alunos.
O ensino a distância tem as suas vantagens, desde o baixo custo (se considerarmos o preço de aquisição de um computador e de acesso à Internet acessível), a flexibilidade que o aluno tem em acompanhar as aulas, frequentar diversas disciplinas em simultâneo, a disponibilidade de material, encontrar o seu próprio ritmo de aprendizagem. Com estas e outras vantagens porque será que encontramos tanta relutância em mudar?
Centralizando-me mais no ensino básico e secundário, encontramos algumas razões para tal comportamento, desde a falta de tempo que os professores tanto gostam de referir, por diversas razões, falta de tempo para aprender a manusear uma plataforma; falta de tempo para encontrar material pertinente e coloca-lo na plataforma; falta de tempo para responder às dúvidas dos alunos; falta de tempo para organizar chats de discussão, fóruns, questionário; falta de tempo até do próprio tempo. Colocando este factor de lado, considero importante a falta de maturidade dos alunos para organizarem o seu estudo e estruturarem a sua auto-aprendizagem, que neste tipo de ensino é fundamental. Aqui o professor terá um papel mais de tutor do que mediador, o apoio que terá de dar aos alunos para estes não desmotivarem será fundamental e a modalidade aceitável para estas fachas etárias será o b-learning.
Na escola onde sou professora todos os professores têm acesso à plataforma moodle. O contacto com este tipo de ensino já foi explicado, demonstrado, e cada vez mais tenho adeptos desta prática, digo tenho, porque sou uma das administradoras da plataforma e estão inscritos mais de mil utilizadores, entre professores e alunos, e existem mais de 50 disciplinas criadas. Temos algo importante, o apoio da direcção. Mesmo com as obras, com a falta de Internet, com as falhas do servidor, com os computadores a avariar constantemente devido à humidade sentida nos contentores, continuam a interessar-se pelos adeptos desta modalidade. Por estas razões temos a plataforma alojada num servidor que não o do Ministério da Educação. A utilização da mesma não é a mais correcta, ou seja, usam-na mais como repositório de informação de fichas e documentos extras, mas já existem vários professores que utilizam os fóruns, chats, questionários, entrega de trabalhos, diário de bordo, entre outros. Aqueles que a usam à mais de um ano já descobriram que podem realizar cópias de segurança das suas disciplinas e inseri-las em plataformas de outras escolas, podem utilizá-las e realizar a sua manutenção, tendo a vantagem de aceder aos trabalhos dos alunos sempre que desejarem e de qualquer parte do mundo. Lentamente os professores e alunos vão-se apercebendo das potencialidades deste ensino, e daí a procura de compreensão da sua dinâmica. Outro aspecto é o facto de neste momento estar a decorrer uma acção de formação para professores em formato b-learning.  Serem alunos e sentirem quando o professor não coloca nada na disciplina, não lhes dá feedback, não participam nos fóruns.
O EaD, mesmo no básico e secundário, é o ideal para acompanhar alunos com problemas de diversa ordem na deslocação para a escola: doenças prolongadas ou não, dificuldades de deslocação, entre outros. Falo isto por experiência própria. Já utilizei a plataforma para leccionar um módulo a uma aluna em recuperação de uma cirurgia e os resultados foram excelentes, e não só, foi uma forma da aluno se distrair em casa, porque estava sempre à espera do que eu lhe ia propor para o dia seguinte.
Como conclusão, apercebo-me que ainda estamos na ponta do iceberg e temos um longo caminho a percorrer. Gostaria que os professores se unissem e criassem materiais pertinentes e depois os partilhassem com os restantes colegas de grupo. Acabar com a duplicação de material e com a ocupação desnecessária de espaço nas plataformas.

Referências:
 Gomes, M.J., (2008). Reflexões sobre a adopção institucional do e-learning: Novos desafios, novas oportunidades. Revista E-Curriculum, v. 3, n. 2, Junho de 2008

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