segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Problemática da avaliação online

Image: Boaz Yiftach http://www.freedigitalphotos.net/images/view_photog.php?photogid=1408


Durante muitos anos, a avaliação das aprendizagens dos alunos em regime presencial adquiridas ao longo do ano, semestre, período resumia-se a uma média das classificações obtidas nos testes. Felizmente, hoje em dia, a sua avaliação não é um acto estanque, engloba vários parâmetros, quer do domínio cognitivo (testes, projectos; desempenho, aptidões e capacidades; participação, empenho, interesse; iniciativa e criatividade), quer do atitudinal (pontualidade, respeito pelos outros, comportamento, organização) e passou a ser um acto contínuo permitindo ao aluno a construção e partilha de conhecimentos ao longo do processo ensino-aprendizagem.
No que diz respeito à avaliação das aprendizagens no ensino online, a sua abordagem é mais complexa do que a do ensino presencial, surgindo de imediato uma dúvida: será possível conhecer o aluno ao ponto de verificar a sua motivação, o seu interesse, o seu empenho, a sua construção de conhecimento e ainda avaliar a pertinência das suas mensagens (mensagens em fóruns, intervenções em chats, consulta de recursos, construção e-portefólio, resposta a questionários)?
Como refere Gomes (2009: 1679), isto só será viável se o aluno tiver um acompanhamento ao longo de todo o processo de aprendizagem, para assim, o professor elabora e um perfil do aluno e conseguir identificar e avaliar as suas diferentes realizações, colmatando a inexistência de presença física. Implementar uma avaliação mediadora que estimule, observe e registe as competências onde o aluno apresenta maiores dificuldades e sucessos, desta forma, reajustar a planificação das aprendizagens e promover actividades que motivem os alunos a reflectir-agir e assim, progredir nos seus conhecimentos; no ensino online o mais importante é a aprendizagem e não o produto/resultado. (Barreiro-Pinto & Silva, 2008: 34, 35).
A participação neste tipo de cursos online pode ter duas vertentes, o estudo isolado do indivíduo, centrado na disponibilização/utilização de conteúdos, nos resultados da avaliação das aprendizagens através de instrumentos (testes, questionários) disponibilizados em plataformas de gestão de aprendizagens (Learning Management Systems – LMS), tais como o Moodle. Ou centrados em processos de aprendizagem, nas competências adquiridas e recorrendo a participação em fóruns, chats, construção de portefólios, como instrumentos de avaliação. (Gomes 2009: 1682). Em ambos os casos, o professor tem acesso aos registos de participação do aluno, recursos aos quais acedeu entre outros, que podem ser uma forma de não descurar a motivação do aluno pelo curso e servir como elemento de avaliação.
São vários os instrumentos de avaliação de aprendizagens online, a questão é saber qual será o mais adequado para avaliar este tipo de ensino. Pensamos que se deve realizar uma conjugação de instrumentos a serem explicados aos alunos no início de cada curso e, em comum acordo professor/alunos, seleccioná-los conforme a tarefa a realizar e as competências a adquirir. Nesta reflexão será abordado o fórum como instrumento de avaliação.
Barreiro-Pinto & Silva (2008: 37) definem fóruns como “(…) grande arena de debate, negociação e construção coletiva que permitiram o acompanhamento e registro de cada componente e suas contribuições para a tarefa estipulada.”
A avaliação quantitativa dos fóruns, como o número de mensagens colocados pelo aluno, de intervenções nas participações dos colegas, de visitas ao fórum, são fáceis de avaliar caso o fórum faça parte de uma plataforma, pois esta disponibiliza esses números; a dificuldade está na avaliação qualitativa, ou seja, a pertinência/qualidade das intervenções. Como afirma Gomes (2009: 1686), existem plataformas que permitem a criação de sistemas de classificação, por parte do professor/aluno, das mensagens tendo em conta a tarefa e competências definidas, mas a análise dos conteúdos das mesmas continua a ser da competência do professor.
A participação em fóruns (assíncrona) é uma forma do aluno ter tempo para fundamentar as suas ideias, realizar as suas reflexões, partilhar e construir o seu conhecimento através, das intervenções dos colegas e do professor. Contudo, se o número de fóruns for excessivo, as participações de colegas/professor pouco frequentes e feedback pouco atempado, pode levar ao desinteresse dos seus intervenientes; por outro lado, a definição dos parâmetros (prazos de colocação de mensagens, número mínimo de intervenções por aluno, número mínimo de comentários a colegas) de avaliação dos fóruns no início do curso são fundamentais para a sua subsistência.
Outro aspecto a ter em conta é “a preocupação do professor/tutor em acompanhar detidamente as produções dos grupos, orientando o caminhar, oferecendo ajuda, sugerindo outras fontes de estudo a fim de favorecer a construção colectiva.” (Barreiro-Pinto & Silva, 2008: 37). Será necessário proceder a uma auto-avaliação do aluno, ao registo da sua participação/interacção no fórum de discussão, uso/troca de materiais para a construção da sua autonomia e impacto do processo utilizado para a construção de conhecimento; quanto ao professor, verificar a qualidade dos materiais disponibilizados, processo de tutoria (competências para motivar, interacções atempadas e de qualidade, orientação, partilha), como informam Paiva, Figueira, Brás & Sá (2004: 16, 45).
No entanto, o chat (síncrona) é o ideal para um brainstorm onde o professor se apercebe da compreensão imediata do tema por parte dos alunos; contudo, a realização de questionários para alunos com menos apetências de expressão escrita possibilitar-lhes-á mostrar a compreensão dos conteúdos. E-portefólios são locais de reflexão das aprendizagens do aluno, do desenvolvimento e construção das mesmas e com a análise da pertinência dos posts efectuados, dos vídeos consultados, dos comentários nos e-portefólios dos colegas de curso e das intervenções do professor, a mesma servirá de avaliação e o docente verificará a evolução no desenvolvimento das aprendizagens e ajudará o aluno na sua formação.
Neste tipo de ensino, professor e aluno terão de aprender a pensar, reflectir, criticar, partilhar para assim, construírem conhecimento.


Referências Bibliográficas
Gomes, M. J. (2009). Problemáticas da avaliação em educação online. In P. Dias & A.J. Osório (Org.). Actas da Conferência Internacional de TIC na Educação: Challenges 2009. Braga: Universidade do Minho, pp. 1675-1693; ISBN 978-972-98456-6-6. Disponível online em http://hdl.handle.net/1822/9420.

Barreiro-Pinto, I. A. & SILVA, M. (2008). Avaliação da aprendizagem na educação online: relato de pesquisa. Revista Educação, Formação & Tecnologias, vol.1, nº 2, pp. 32-39. Disponível online em http://eft.educom.pt/index.php/eft/article/viewFile/59/40. Acedido em 29 Janeiro 2011.

 Paiva, J.; Figueira, C.; Brás, C. & Sá, R. (2004). e-learning: O estado da arte. Disponível online em
http://carlosbras.no.sapo.pt/Sobre_mim__/Art_/e-learning_o_estado_da_arte.pdf. Acedido em 29 Janeiro 2011.

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